No mês de setembro, o Panorama SOFTSUL tratou do papel da contabilidade na captação de recursos nas instituições financeiras. O encontro teve como facilitadoras Vanessa Casagrande, pós-graduada em Gestão de Tributária e diretora operacional da Innovare Consultoria, e Michele Modelski, pós-graduada em Gestão Financeira e Tributária e diretora executiva da mesma consultoria.
No início do evento, José Antonio Antonioni, diretor presidente da SOFTSUL, comentou: “Hoje temos aqui um tema de extrema importância. Sabemos que não basta ter um bom projeto, uma empresa saudável e lucrativa. Mesmo com estes pontos positivos, a companhia ainda pode ter dificuldades em captar recursos. Por isso, a relevância da contabilidade adequada e acurada para potencializar as chances de ter um projeto aprovado”.
As executivas da Innovare Consultoria são experientes no trabalho com empresas de tecnologia, sendo várias delas startups. Desse modo, estão acostumadas com o processo de captação de recursos. Já possuem uma interface consolidada com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e conversaram com representantes deste órgão para trazer as principais dicas do que é analisado e tem impacto relevante em um projeto de captação de recursos. Confira:
– Tanto no ativo quanto no passivo, é preciso diferenciar compromissos de curto e de longo prazo (após 12 meses); – O banco não aporta mais do que o sócio da empresa. Assim, um capital social baixo ou desatualizado será um entrave na captação; – Empresas que estão mostrando prejuízo também não são vistas como boas candidatas a receberem recursos; – O demonstrativo de resultado deve ser detalhado, com boa capacidade de geração de caixa, para confirmar a viabilidade econômica da empresa em pagar o financiamento; – Uma contabilidade que não esclarece o real endividamento da companhia não é vista como confiável; afinal, todos os dados são cruzados com o Banco Central, e a dívida real não poderá ser superior à contabilizada; – Um patrimônio líquido negativo inviabilizará o crédito; – Também, uma “confusão patrimonial” entre sócios e a empresa prejudicará a demonstração contábil; cuidado com as retiradas muito altas; é preciso diferenciar bem as retiradas de aportes e pró-labore; – É preciso lembrar que a Receita Federal faz um cruzamento com a pessoa física do sócio por meio do e-Financeira; assim, toda a movimentação entre a empresa e as contas PFs são vistas; – Os ativos intangíveis (marca, propriedade intelectual, carteira de clientes) precisam ser mensurados e comprovados por meio de laudos de consultorias especializadas; somente assim serão aceitos pelo Banco; – A depreciação de bens também precisa ser reconhecida nas demonstrações; mesmo sendo opcional perante a lei, o banco considera este item como importante para a confiabilidade dos números da empresa; – A manutenção de todas as certidões negativas é um ponto fundamental; – O projeto de captação precisa ser bem detalhado, abordando análises da posição de mercado da empresa, seu público-alvo, inovações. Neste ponto, as palestrantes lembraram que a SOFTSUL promove a triagem da documentação e emite uma carta de apresentação do projeto perante o banco. |
Apresentação das facilitadoras: Vanessa Casagrande e Michele Modelski, diretoras da Innovare Consultoria.