Como Destaque em TI, este mês entrevistamos a vice-presidente da PROCERGS, Deborah Pilla Villela. Formada em Análise de Sistemas pela PUC-RS, com pós-graduação em finanças pela mesma universidade e MBA em gestão empresarial pela FGV, a profissional foi sócia da Realcon / Hidroconex por quase 10 anos, até assumir em 2009 a administração da Bienal do Mercosul e nos anos seguintes a Secretaria de Inovação de Porto Alegre – Inovapoa.
A Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul é uma empresa de economia mista, que iniciou suas atividades em 28 de Dezembro de 1972 como órgão executor da política de informática do Estado. É especializada no desenvolvimento de soluções de alto valor agregado, atua em 100% dos órgãos do executivo estadual e processa diariamente milhões de transações vitais para o bom funcionamento do Estado, beneficiando a vida de milhões de gaúchos.
Questões:
- Como você analisa o mercado atual de TI no Brasil?
Deborah – O mercado atual no Brasil segue as tendências do mercado mundial. Apesar dos momentos de turbulência nos cenários político e econômico do país nestes últimos anos, os gastos das empresas com tecnologia da informação se mantiveram estáveis em 2016/2017, ainda que em um nível inferior ao dos três últimos anos. Isso porque o uso da Tecnologia da Informação representa, em muitos casos, a melhor saída para as empresas, através de soluções e ferramentas que auxiliam na busca de mais eficiência e melhores resultados.
As novas tecnologias que estão chegando, ou as que estão “se afirmando”, como os veículos autônomos, internet das coisas (IoT), inteligência artificial, Machine Learning , realidade virtual, entre outras, vão ter seu espaço e gerar muitas oportunidades. Quem estiver atento e aceitar o desafio sairá fortalecido. Crise sempre foi sinônimo de oportunidade.
- Quais as suas expectativas para o setor de TI em médio e longo prazo?
Deborah – Sou essencialmente uma otimista. Se acompanharmos a evolução do uso da tecnologia nos países que estão em um estágio maior de desenvolvimento, veremos que há muito a ser feito ainda. Há muito espaço a ser conquistado. São muitas as oportunidades. Mas para aproveitá-las é fundamental apostar em inovação e ousadia. Correr riscos e perder o medo de errar são mudanças comportamentais que precisamos realizar. Ter atitude inovadora. E não falo apenas em buscar soluções disruptivas. Essas são mais raras e trabalhosas. Mas a inovação incremental deve ser uma obsessão constante para os empresários de tecnologia. Risco mesmo é ter medo da mudança. As empresas que são muito reativas tendem a encurtar o seu ciclo de vida.
Acredito muito nos princípios da Agilidade, Conveniência e Simplicidade, principalmente quando pensarmos em soluções de larga escala, que atendam um amplo número de usuários. Obviamente a mobilidade está diretamente conectada a isso. Temos que apostar nas experiências positivas. Cada vez mais teremos espaço, ainda, para soluções em nuvem, BIG DATA, engajamento digital, sustentabilidade. Há muito espaço a ser ocupado.
- De que forma a PROCERGS pode contribuir para fortalecer as empresas do setor de TIC do RS?
Deborah – A PROCERGS tem uma política de desenvolvimento de sistemas e portais com uso intensivo de fábrica de software externa. Temos desenvolvido soluções para diversos órgãos do Estado dentro deste modelo. O uso da arquitetura tecnológica padrão do Estado e a metodologia ágil, possibilita que este formato gere agilidade e eficiência na entrega de soluções, bem como, a sustentabilidade e continuidade das soluções pela PROCERGS, enquanto empresa pública de TIC do Estado.Também temos atuado acompanhando as fábricas de software externas dos nossos clientes. Assim, as empresas gaúchas, da área de desenvolvimento, podem se capacitar e competir neste mercado.
Outra área onde contratamos empresas é para execução de projetos de infraestrutura de telecomunicações, dentro do nosso projeto de Expansão da InfoViaRS, a rede corporativa do Estado do RS.
Por fim, também a Política de Dados abertos, instituída pelo Governador Ivo Sartori, por meio do decreto 53.523, de 03 de maio de 2017, disponibiliza dados governamentais em formato aberto, que podem ser utilizados por empresas para desenvolver serviços digitais ao cidadão, em novos modelos de negócios inovadores e “disruptivos”.
- Na sua visão, de que forma as empresas de TIC da cidade podem ampliar a competitividade para enfrentar o mercado?
Deborah – INOVAÇÃO. É a palavra chave. Fomento ao empreendedorismo. Temos que encarar as startups como parceiras de um ecossistema criativo e propositivo. Se o ecossistema se fortalecer, todos ganharão. Se uma destas empresas “estourar” e ganhar projeção, novas oportunidades surgirão para várias outras. Temos que ”jogar juntos”. Aproveitar a força da tríplice hélice, onde Universidades, empresas e governo apoiam-se mutuamente e buscam estratégias comuns. Os bons exemplos estão aí para nos ajudar a compreender o bom caminho. E, o mais desafiador, investir pesado em educação. Precisamos formar cada vez mais gente capacitada. Mais mentes críticas. É o nosso maior desafio, e enfrentá-lo é uma tarefa de todos nós.
- Qual a importância do trabalho de uma entidade como a SOFTSUL (Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software) no fomento ao setor de TI e de que forma a entidade pode contribuir com a PROCERGS?
Deborah – A SOFTSUL tem ao longo dos anos exercido um papel muito importante para o Setor de TIC, através da promoção de missões, cursos, capacitação, pesquisa, organização de Programas estruturantes como, por exemplo, o SOFTEX no RS. A parceria da PROCERGS com uma entidade tradicional e forte como a SOFTSUL, balizam os objetivos a favor do desenvolvimento do Setor de Tecnologia da Informação no estado e fortificam o alcance dos objetivos em comum. Contem sempre conosco!