Kival Weber é consultor sênior em TIC, Qualidade, Inovação e Cooperação Internacional. Kival Weber é coautor de quatro livros sobre Qualidade de Software e já publicou mais de cem artigos no país e no exterior. Engenheiro de Comunicações – IME (Instituto Militar de Engenharia), Mestre em Engenharia Elétrica – COPPE/UFRJ, Especialista em Teleinformática – UnB, Participante do Programa Internacional de Gestão – IMD (International Institute for Management Development). Foi subchefe do DPD da EMBRATEL, secretário de informática da SEI e SEPIN no Governo Federal, dirigente de empresa de software, criador e diretor-executivo do CITS (Centro Internacional de Tecnologia de Software), diretor-presidente da SOFTEX (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) e coordenador-executivo do programa MPS.BR (Melhoria de Processo do Software Brasileiro).
Entrevista
1. Quais os reflexos do atual momento econômico para o setor de TI brasileiro?
Kival Weber – Desde 2014, o Brasil vive uma grave crise ética, política e econômica que implica em muito sacrifício de todos os brasileiros. Espero que esta crise seja superada, mas creio que ainda vai demorar para retornarmos à normalidade. Tudo isto afeta não somente o setor de TI, mas todos os setores da economia e a governabilidade do país, especialmente porque o desemprego é muito grande. Nas crises, sempre há riscos e oportunidades. Uma das oportunidades está no investimento para aumentar a produtividade e a competitividade das empresas por meio da melhoria dos seus processos e da promoção da inovação aberta.
2. Por que as empresas com maior maturidade em seus processos apresentam melhor desempenho?
Kival Weber – Há diversos estudos, com muitas evidências objetivas, confirmando que as empresas com maior maturidade em seus processos apresentam melhor desempenho. Especialmente, recomendo ver em <www.softex.br/mpsbr> os resultados de três tipos de pesquisa que promovi como coordenador executivo do “Programa MPS.BR – Melhoria de Processo do Software Brasileiro”: primeiro, de 2008-2013, seis pesquisas anuais com foco na melhoria do desempenho técnico, denominadas “iMPS – Resultados de Desempenho das Organizações que Adotaram o Modelo MPS-SW”, com respostas dos gerentes técnicos e da qualidade; segundo, em 2014, a pesquisa de satisfação dos clientes denominada “MPS quer ouvir você!”, focada na melhoria do desempenho organizacional, com respostas dos patrocinadores das avaliações MPS-SW vigentes que normalmente são os executivos ou donos das empresas; terceiro, a pesquisa “MPS Cidadão”, conduzida em 2014-2015, focada nos impactos socioeconômicos do MPS-SW no Brasil, com respostas tanto de patrocinadores das avaliações vigentes quanto de membros da Equipe Técnica do Modelo.
3. Quais as suas expectativas para o setor de TI no futuro?
Kival Weber – Do ponto de vista tecnológico, o futuro próximo está bem definido. Em 2014, o Gartner identificou dez tendências tecnológicas estratégicas até 2017: dispositivos móveis (smartphones e wearables); Internet das Coisas (IoT); impressão 3D; Analytics (Big Data); sistemas ricos de contexto (computação ubíqua); máquinas inteligentes; computação na nuvem (cloud-computing); programação ágil de tudo; arquitetura de TI na escala Web; segurança e autoproteção. A incorporação destas tendências intensivas em TIC e a busca da inovação não é mais opção para as empresas, em todos os setores da economia, mas condição necessária para seu desenvolvimento e competitividade.
4. Qual a sua opinião sobre Inovação no setor?
Kival Weber – É importante que as empresas de todos os setores, especialmente as do setor de TI, aproveitem a oportunidade para investir com foco em dois diferenciais competitivos: melhoria de processos que já abordei e busca da inovação que passo a abordar. Deve-se promover a inovação aberta, na qual a busca de conhecimentos (não apenas tecnologias) na P&D é feita tanto externa quanto internamente à organização, visando aumentar sua competitividade no mercado atual e em novos negócios inovadores. Uma das abordagens para promover a inovação aberta é o MGPDI – Modelo de Gestão da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, da SOFTSUL, próprio para organizações de qualquer porte, tipo ou setor.
5. De que forma a SOFTSUL pode contribuir para a retomada do crescimento no setor e do crescimento da economia do RS?
Kival Weber – Conhecendo o trabalho da Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software desde a sua criação em 1994 e como consultor sênior da SOFTSUL desde 2015, posso atestar sua relevante contribuição tanto para o crescimento da economia gaúcha, quanto o seu papel de liderança no país junto à Tripla Hélice (Academia, Governo e Indústria) e a outros agentes nacionais, como sua atuação na cooperação técnica internacional por meio de iniciativas como o Consórcio CONECTA 2020, entre plataformas tecnológicas europeias e latinoamericanas, que inclui a BRAFIP – Plataforma Tecnológica Brasileira cuja secretaria executiva está na SOFTSUL.