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Patricia Knebel
A inovação existe para atender aos anseios da sociedade. Se isso não está acontecendo, os motivos podem ser os próprios anseios das pessoas, que nem sempre estão alinhados com a transformação que está acontecendo. “Não é a tecnologia que cria a inovação, e sim as pessoas”, alerta o gerente do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Claudio Navarro.
Ele esteve ontem em Porto Alegre para participar de uma jornada científica realizada pelo Gabinete de Inovação e Tecnologia (Inovapoa), da Prefeitura de Porto Alegre, e citou o trânsito como um dos exemplos dessa visão. “A mesma tecnologia é usada nos carros para que eles transportem uma ou quatro pessoas, porém o que se vê é que ela não está sendo usada corretamente”, acredita. O que está faltando, na realidade, é a cultura do uso compartilhado e da colaboração e, portanto, mais inteligente dos recursos disponíveis. Só assim as cidades terão um menor fluxo de carros circulando e, consequentemente, mais qualidade de vida para todos.
O tema é relativamente recente, e isso se reflete também na dificuldade de aceitação dos novos modelos de negócios que estão surgindo. É o caso do Uber. Navarro relembra que, quando surgiram os aplicativos de táxis, como Easytaxi, a ferramenta gerou novas oportunidades de trabalho para os taxistas, que aderiram. Por outro lado, causou dor de cabeça para as cooperativas, pois afetou o modus operandi dos seus negócios. Agora, com o Uber, foram os taxistas que sentiram no bolso. “Existem questões a serem melhor analisadas, mas a verdade é que a tecnologia por trás do aplicativo é excelente. Se o profissional está com o carro ocioso, ele vai ficar chorado, ou vai vender lenço?”, questiona.
O gestor do Cesar destacou, na sua apresentação em Porto Alegre, o papel das pessoas em toda essa transformação. Há um caminho a ser percorrido, mas as mudanças já estão acontecendo, mesmo que os seus impactos ainda não sejam tão claros. A tecnologia, por exemplo, está cada vez mais aproximando a academia da sociedade, o que gera impactos positivos para todos. “Queremos um mundo diferente e vamos conseguir fazer. O brasileiro é muito adaptável. Só precisamos deixar de lado o medo e arriscar mais”, defende.